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sábado, 9 de junho de 2012

"Distância, trezentos e vinte e oito."

 Você já parou para pensar sobre a inutilidade do sofrimento?

"Ângulo de elevação, cinco."

 Quero dizer, não importa o quanto você sofra, nada vai voltar a ser o que era antes.

"Velocidade do vento, quase nenhuma, sem necessidade de correção."

 Chega um dia que você fica completamente sozinho.

"Confirmando autorização para disparar."

 No meu caso, a única companhia que eu tenho é a desta arma.

 Das lentes do pequeno telescópio, os olhos castanhos e calmos observavam, o rifle Karabiner 98k estava gelado como as mãos de Katsumi, do outro lado das lentes, um homem beijava vorazmente uma mulher na parede do quarto de um prédio, o olho direito de Katsumi estava cansado da espera naquela posição, preparou-se para o impacto e puxou o gatilho.

 A bala saiu da janela e percorreu todo o caminho, abrindo um pequeno buraco no vidro da janela do hotel e destruindo o ombro esquerdo da vítima, que girou no ar e caiu encostada na porta do quarto, encarou o vidro de onde havia vindo o que o atingiu, lá estava um prédio distante, gritou de dor quando algo destruiu seu outro ombro, o sangue já cobria grande parte do chão e a mulher que antes o beijava apenas gritava assustada.

 Trezentos metros dali, o atirador na janela puxava o ferrolho, ejetando a cápsula e recarregando a arma com outra bala. Novamente colocou seu olho em frente à lente e mirou no centro do peito do homem que sangrava na porta, muitos metros dali.

"Não... Você não merece."

 Novamente reposicionou a mira, subindo até o rosto da vítima, bem entre os dois olhos, prendeu a respiração e puxou o gatilho novamente. O projétil perfurou o rosto da vítima, abrindo um enorme buraco na parte de trás da cabeça, perfurando a porta de madeira e atingindo a parede do outro lado do corredor do hotel.

 O sangue invadiu o piso do corredor, escorrendo pelo buraco na porta e pelo vão de baixo dela. Todos saíam dos outros quartos para ver os gritos da mulher, que agora caía no chão, inconsciente, provavelmente por causa da cena que presenciara.

 Katsumi recolheu o rifle e o guardou em uma maleta. Saiu pela porta de seu quarto e andou rápido até as escadas, subindo seis andares até o terraço, sabia que alguém do hotel onde estava poderia ter ouvido os disparos, uma vez que eram altos o suficiente para chamar a atenção das pessoas que passavam lá embaixo na rua. Ao chegar lá em cima, o escondeu dentro de um tubo de ventilação, de modo que ninguém suspeitasse da sua localização.

 Andou novamente pelo terraço, descendo as escadas e pegando o elevador até o térreo.

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